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Momento crucial para o rebanho leiteiro, a secagem das vacas pode ser melhor planejada quando baseada em informações detalhadas oriundas da CCS e da cultura microbiológica.

O período seco de vacas leiteiras carrega junto a ele desafios e preocupações por parte das fazendas, afinal, as infecções intramamárias nesta etapa estão associadas a vários fatores, incluindo: a interrupção da ordenha, o acúmulo de leite no úbere, o potencial vazamento de leite, atraso ou ausência de formação do tampão de queratina, entre outros.

Além disso, próximo ao parto, ocorre redução da imunidade das vacas leiteiras e alterações nas concentrações hormonais, sem contar que a formação de colostro pode levar ao vazamento de leite resultando na abertura dos orifícios dos tetos, elevando assim, o risco de novas infecções.

A terapia de vaca seca é uma das medidas para o controle da mastite e basicamente se baseia na aplicação de um antimicrobiano específico nos quartos mamários no momento da secagem. A ideia do método é atuar em alguns princípios, como: 

Muito recomendada, a terapia da vaca seca ainda é majoritariamente aplicada sem critérios de seleção das vacas, porém, em fazendas com baixa CCS do tanque (média anual <250.000 cels/ml), o uso preventivo de antimicrobianos tem sido cada vez mais questionado e criticado, principalmente pelo desenvolvimento de resistência, o que ameaça tanto a saúde do animal como também, a saúde pública.

Pesquisas apontam que é essencial que a seleção de vacas ou quartos mamários para o tratamento inclua além da CCS, a identificação dos patógenos, o histórico de mastite anterior ou uma combinação de todos esses critérios. 

Não é à toa que em muitos países o uso de antibióticos passou a ocorrer de maneira racional e direcionada e isso inclui não utilizá-los a menos que haja evidências da sua real necessidade. Por curiosidade, a Associação Veterinária da Nova Zelândia desenvolveu uma estrutura para apoiar o uso futuro de antibióticos na gestão da saúde e bem-estar animal, que se concentra em:

A associação ainda destaca que nas vacas que necessitam de tratamento, uma das principais ênfases deve ser na identificação das possíveis bactérias para o correto direcionamento do caso.

Casar a CCS com a cultura microbiológica na fazenda é uma opção de “ponta” já que a alta CCS isolada não necessariamente é motivo de alarde imediato. Ela pode ser decorrente de uma infecção anterior ou vacas podem estar contaminadas com patógenos com elevada chance de cura espontânea e que não necessitam de tratamento.

Neste último caso, a alta CCS deve se resolver durante o período seco e é improvável que essas vacas se beneficiem do tratamento com antibióticos.

Por outro lado, também pode ocorrer que algumas vacas infectadas não sejam identificadas devido às flutuações naturais da CCS durante a infecção. Assim, a CCS pode ficar abaixo do limiar quando o animal for testado ou até mesmo, a vaca pode ter adquirido uma nova infecção nos dias entre o teste do rebanho e a secagem. Por isso, a importância de um monitoramento seguro e constante.

Práticas da terapia da vaca seca pelo mundo 

A adoção da terapia da vaca seca e métodos de seleção variam consideravelmente entre os países. Na América do Norte, a administração intramamária de antimicrobianos em todos os quartos de todas as vacas leiteiras na secagem é amplamente praticada em 80% e 84% das operações pesquisadas nos Estados Unidos e Canadá, respectivamente.

Enquanto isso, nos países nórdicos da Europa, o uso de antimicrobianos em medidas profiláticas na secagem não é permitido e na União Europeia a prática foi proibida desde 28 de janeiro de 2022 (exceto em casos excepcionais). Na Holanda, as diretrizes para selecionar vacas para a terapia da vaca seca tomam como base  principalmente a CCS na secagem, embora a maioria dos criadores, em consulta com o seu médico veterinário, use métodos de seleção específicos para o seu próprio rebanho.

Em países como Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia, são necessárias evidências de infecção bacteriana com base em cultura microbiológica ou análise de DNA antes da prescrição da terapia. Na Nova Zelândia, a terapia seletiva da vaca seca é recomendada desde a década de 1990, embora os veterinários possam prescrever o uso generalizado.

Em qualquer circunstância, a revisão de literatura realizada para a elaboração desse texto aponta que o diagnóstico bacteriológico da vaca ou quarto mamário passou a ser cada vez mais encorajado e utilizado. Além disso, os critérios de seleção passaram a otimizar a especificidade e particularidades de cada propriedade para identificar as infecções de cada plantel, nunca deixando de lado também as preocupações com as questões logísticas e financeiras.

Vale reforçar que embora a terapia seletiva contribua com a redução dos custos com o tratamento e reduza o uso de antibióticos, não são todas as fazendas que conseguem implementá-la devido a falta de registros, o receio do aumento nos custos para a implantação dos aparatos destinados à realização dos diagnósticos, ausência de mão de obra treinada para tal ou insegurança quanto à saúde da vaca.

Mas, em resumo, o que se sabe sobre ela até então é que os protocolos seletivos podem ser implementados sem impactar negativamente a saúde do úbere e a produção de leite, reduzindo substancialmente o uso de antibióticos e – potencialmente – a resistência aos antimicrobianos.

De qualquer maneira, vale o esforço para que os dados da fazenda leiteira estejam sempre atualizados e sejam bem trabalhados com o objetivo de auxiliar os pecuaristas no dia a dia e em decisões importantes, como essa discutida neste artigo.

Assim, fica claro que são vários os fatores que afetam a tomada de decisão na secagem e no manejo da vaca seca, reforçando que práticas higiênicas de secagem e outros manejos também são importantes para o bem-estar geral das vacas secas, mitigando os riscos de mastite.

Este é um assunto que ainda resultará em muito pano pra manga, visto que traz consigo tópicos atuais que envolvem sustentabilidade, segurança alimentar e economia da fazenda. Há algumas tendências já demonstradas nas condutas de países que são referência na produção de leite, sendo possível perceber que a terapia da vaca seca em animais sem infecção existente será cada vez mais indagada e novas práticas já precisam começar a ser estudadas e trabalhadas também nas fazendas de leite brasileiras.

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O que lemos para escrever esse artigo: 

  1. McCubbin KD, de Jong E, Lam TJGM, Kelton DF, Middleton JR, McDougall S, De Vliegher S, Godden S, Rajala-Schultz PJ, Rowe S, Speksnijder DC, Kastelic JP, Barkema HW. Invited review: Selective use of antimicrobials in dairy cattle at drying-off. J Dairy Sci. 2022 Aug 2:S0022-0302(22)00425-8. doi: 10.3168/jds.2021-21455. Epub ahead of print. PMID: 35931474.

  2. McDougall, S; Hulbert, J.L. Antibiotics: changing how we look after dairy cows, Dairy NZ, 2019. Disponível em: <https://www.dairynz.co.nz/news/antibiotics-changing-how-we-look-after-dairy-cows>. Acesso em: 16/08/2022.

  3. Rabiee A. R., and I. J. Lean. 2013. The effect of internal teat sealant products (Teatseal and Orbeseal) on intramammary infection, clinical mastitis, and somatic cell counts in lactating dairy cows: A meta-analysis. Journal of Dairy Science 96(11):6915-6931 doi: 10.3168/jds.2013-6544.

  4. Santos, M.V; ALVES, B.G. Secagem seletiva: benefício ou maior risco de cura e novas infecções intramamárias? MilkPoint, 2020. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/secagem-seletiva-beneficio-ou-maior-risco-de-cura-e-de-novas-infeccoes-intramamarias-220268>. Acesso em: 16/08/2022.

Autora do artigo: Raquel Maria Cury Rodrigues, zootecnista pela Unesp de Botucatu e especialista em Gestão da Produção pela Ufscar.

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