A colostragem dos bezerros após o nascimento traz diversos benefícios ao longo da vida do animal. Entre eles, podemos citar a redução de tratamentos e de taxas de mortalidade e da idade do primeiro parto. Além disso, há aumento da produção de leite nas primeiras duas lactações e ainda da eficiência alimentar e das taxas de crescimento.
O colostro é a primeira secreção da glândula mamária em até 24 horas após o parto. Ou seja, é a primeira alimentação dos bezerros após o nascimento. Essa secreção tem uma composição diferenciada, o que é extremamente importante para suprir imunoglobulinas ao recém-nascido; ou seja, ela influencia diretamente no sistema imune do animal. Além do alto teor de anticorpos, essa secreção é rica em sólidos totais, como proteínas, gordura, vitaminas e minerais.
Por isso, é importante não somente oferecer ao recém-nascido o colostro, mas também fazer esse manejo de forma eficaz. Como podemos fazer isso? Dando atenção a alguns fatores principais, como:
A quantidade de transferência passiva de anticorpos na colostragem
Após o nascimento da bezerra e realizada colostragem, é possível monitorar a quantidade de transferência passiva de anticorpos através de coleta de sangue entre o primeiro e o sétimo dia de vida. O produtor deve realizar a coleta de sangue e separar o soro sanguíneo. Logo, ele pode analisar em refratômetro de Brix (meta: 90% das bezerras ≥ 8,4%) ou de proteínas totais (meta: 90% das bezerras ≥ 5,2 g/dL, ou 80% ≥ 5,5g/dL) para identificar se a bezerra conseguiu absorver uma quantidade ideal de anticorpos através do colostro.
Densidade do colostro
O produtor pode monitorar a qualidade do colostro através da concentração de imunoglobulinas presentes. Você pode fazer esse monitoramento de forma rápida dentro da fazenda através do método de refratômetro de Brix. A partir desse método é possível mensurar uma porcentagem de Brix que está associada à concentração de imunoglobulinas. Recomenda-se que utilize colostro com pelo menos 21% de Brix. No entanto, o ideal é usar aquele com valores a cima de 23%, o que equivale a um colostro com >50 g de IgG/L.
Quantidade de colostro fornecida
A quantidade de colostro fornecida à bezerra está associada à sua qualidade, ao peso do animal ao nascer, assim como outros fatores. O ideal é o animal receber um colostro com concentração de imunoglobulinas adequada para que ele alcance uma concentração plasmática mínima de 10g/L de imunoglobulinas. Normalmente, o recomendado é fornecer pelo menos uma quantidade de colostro que seja 10% do peso vivo do bezerro ao nascimento para que a colostragem seja eficiente.
A colostragem pode ser feita através de mamadeiras ou então via sonda esofágica, dependendo do manejo adotado pela fazenda. Uma opção para o fornecimento da quantidade ideal de colostro em casos onde a vaca não produziu quantidade suficiente é ter um banco de colostro na fazenda, onde é possível ter acesso a um colostro de boa qualidade e congelado para fornecer aos recém-nascidos.
Tempo para o fornecimento
A eficiência na absorção intestinal das imunoglobulinas pelos bezerros está totalmente ligada ao tempo de fornecimento do colostro nas primeiras 24 horas de vida. O fornecimento do colostro na primeira hora de vida é muito eficaz para a melhor absorção de imunoglobulinas pelo animal. Com o passar do tempo, a porcentagem de absorção intestinal decresce, podendo ser totalmente ineficiente após as primeiras 24 horas. A absorção das imunoglobulinas presentes no colostro nunca será de 100%; no entanto, quanto antes for feito esse fornecimento, maior será a absorção. O ideal é fornecer ao animal a quantidade total de colostro necessária até nas primeiras seis após o nascimento.
Colostragem e contaminação bacteriana
A contaminação bacteriana do colostro é um fator importante, pois há bactérias que podem provocar doenças nos bezerros, como Escherichia coli, Salmonella spp., entre outras. Além disso, a presença de algumas bactérias no colostro pode influenciar na redução nos níveis séricos de imunoglobulinas.
As contaminações podem estar associadas a diferentes origens:
- Infecções na glândula mamária da vaca, ou então contaminações com sujidades como presença de fezes;
- Contaminação no momento da coleta do colostro, no armazenamento ou então nos equipamentos de fornecimento, como mamadeiras e sondas;
- Proliferação bacteriana durante o armazenamento, por exemplo, em bancos de colostro. A contagem bacteriana do colostro é importante para avaliar a sua qualidade. É esperada uma contagem <100.000 unidades formadoras de colônias (UFC) por mL. Alguns estudos já sugerem que uma contagem a cima de 50.000 UFC pode interferir na absorção de imunoglobulinas pelo bezerro.
A prática de uma boa colostragem envolve diversos fatores para que de fato seja efetiva. Todos os cuidados que o produtor toma com a vaca desde o período seco até fornecimento do colostro ao bezerro recém-nascido podem influenciar nas condições de saúde e imunidade desse animal, dando boas condições para crescer e se tornar um animal de alta produção.
Fonte: Calf Notes.com (http://www.calfnotes.com)
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