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Brunna Granja

Time OnFarm

 

Quando falamos sobre qualidade de leite, podemos pensar em diversos fatores que interferem nela, e com certeza as práticas (rotina) de ordenha e as características de cada animal estão entre os mais importantes.

As características dos tetos dos animais, como comprimento e diâmetro podem influenciar a produção, vazão e taxa de fluxo de leite, por exemplo.

Da mesma forma, práticas de ordenha as quais estão associadas principalmente a prevenção de novos casos de mastite, como o uso de pré e pós-dipping e o uso de luvas pelos colaboradores, também afetam muito a qualidade do leite. Manejos como a manutenção do equipamento de ordenha, o vácuo do sistema, ciclo de pulsação, entre outros, quando corretos evitam possíveis lesões nos tetos.

Uma pesquisa realizada por Gouvea e colaboradores, na UNESP de Botucatu-SP, teve como objetivo descrever a morfologia dos tetos e as características e práticas de ordenha de fazendas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.

Foram utilizadas 40 fazendas, as quais tinham um número maior ou igual a 20 vacas lactantes com equipamentos de ordenha mecânica e sala de espera. As fazendas foram divididas em pequenas com 20-50 vacas em lactação (30%), médias com 51-199 vacas em lactação (37,5%) e grandes com um número maior ou igual a 200 vacas em lactação (32,5%).

O estudo avaliou todos os equipamentos de ordenha de forma estática e durante o funcionamento, quanto aos pulsadores de vácuo e teteiras. Assim como, foram realizadas medições de vácuo no tubo curto de leite (Kpa), para uma estimativa de: vácuo médio na extremidade do teto durante a ordenha, durante o pico de fluxo de leite e durante a sobreordenha. Da mesma forma, avaliou-se o vácuo na cabeça da teteira durante o pico de fluxo de leite, o tempo em ordenha e o tempo total de ordenha.

Em relação as características anatômicas dos tetos, foram avaliadas as dimensões como comprimento e diâmetro médio e formas como pontiagudo, plano ou arredondado.

E por fim, entre as práticas de ordenha, avaliou-se a utilização de pré-dipping, eliminação dos 3 primeiros jatos de leite, secagem dos tetos, colocação do conjunto de ordenha e pós-dipping; intervalo de tempo entre o primeiro toque nos tetos e a colocação do conjunto de ordenha; Intervalo de tempo entre o pré-dipping e a secagem dos tetos.

A partir dos resultados apresentados no estudo, foi possível observar que as fazendas consideradas grandes apresentaram melhores condições de manutenção do equipamento de ordenha, com a presença de extrator automático do conjunto de teteiras e ainda com maior frequência de troca de teteiras quando comparados as médias e pequenas.

A rotina de ordenha mais utilizada, com 35%, foi de pré-dipping, descarte dos 3 primeiros jatos de leite, secagem dos tetos e colocação do conjunto de ordenha. Outros fatores relacionados as práticas de ordenha, como o uso de luvas durante foi presente em 26,6% das fazendas pequenas, 46% das médias e 100% das fazendas grandes, por outro lado o uso de ocitocina variou de 0% em fazendas grandes a 53% em pequenas.

Apenas uma fazenda não fazia o pré-dipping, sendo que os principais produtos utilizados são a base de cloro com 32,5% e ácido láctico com 21,62%. Já para o pós-dipping, os produtos mais utilizados foram a base de iodo com 48,7% e ácido láctico com 41%. Para a limpeza dos tetos, observou-se que 75,5% das fazendas utilizavam toalha de papel descartável para secar os tetos dos animais, mostrando que 42,5% delas utilizavam 1 toalha de papel para cada teto.

Foram encontrados maior número de tetos mais curtos e com morfologia plana e arredondada em fazendas grandes, o que pode estar associado a uma maior proporção de vacas Holandesas no rebanho. Em fazendas médias ou pequenas, houve uma maior presença de tetos mais longos, largos e pontiagudos característicos de vacas Gir ou mestiças, o que muitas vezes é um desafio para a escolha do conjunto de ordenha mais adequado.

Em relação ao nível de vácuo dos sistemas de ordenha, a média foi de 42,9 kPa entre as fazendas. O vácuo da cabeça da teteira durante o pico de fluxo de leite foi maior em fazendas grandes com 15,2 kpa, do que em fazendas médias com 8,5 kpa e pequenas com 10,2kpa.

A taxa de pulsação mais alta, fase B mais longa (extração efetiva de leite, onde há máximo fluxo de leite) e fase D mais curta (massagem efetiva, onde a teteira se encontra fechada) foram observadas em fazendas grandes.

O tempo médio de ordenha por vaca foi de 5,3 min, com base em todas as fazendas. Já o tempo de espera para preparação desses animais até colocar o conjunto de ordenha foi maior em fazendas pequenas com média de 3,7 min quando comparados a grandes fazendas com 2,1 min. O tempo de sobreordenha foi de 1,2 min a mais em fazendas pequenas, quando comparado a fazendas grandes, o que pode estar associado ao uso mais frequente de extratores automáticos de conjunto de ordenha em fazendas médias e grandes.

De forma geral, as fazendas grandes apresentaram melhores resultados frente as variáveis avaliadas no estudo. Dessa forma, ficam claras as dificuldades enfrentadas principalmente por pequenos produtores para manter e utilizar de forma adequada seus equipamentos de ordenha, assim como realizar procedimentos e práticas adequados para então produzir um leite de melhor qualidade. Talvez, essa dificuldade enfrentada pelos produtores menores na manutenção do equipamento de ordenha e no manejo adequado de rotina de ordenha, não esteja relacionada ao tamanho do rebanho em lactação, mas sim a fatores culturais e conhecimento.

 

Fonte: Gouvea, F.L.R.; Cardozo, L.L.; Canal, J.; Troncarelli, M.Z.; Pantoja, J.C.F. A descriptive study of teat morphology, milking machine characteristics, and milking practices in a sample of Brazilian dairy herds. Livestock Science, v.241, 2020.

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