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O que fazer se os patógenos ambientais estão disseminados por todo o ambiente da vaca?

O que fazer para combater a mastite ambiental se os patógenos responsáveis por ela – que são oportunistas – estão disseminados por todo o ambiente das vacas? Além disso, como os microrganismos se encontram bastante difundidos, todas as categorias animais estão sob risco: vacas em lactação, secas e novilhas. Com a chegada do verão, a possibilidade de casos também aumenta já que chuvas e calor propiciam situações que elevam a contaminação ambiental. 

Essa informação em um primeiro momento ecoa aos nossos ouvidos de maneira tétrica (e porque não dizer desesperadora!), porém, vem acompanhada de excelentes notícias já que é possível controlar a doença reduzindo a exposição dos tetos à contaminação. Para isso, devemos nos atentar a todos os aspectos relacionados ao ambiente cujos animais vivem, desde o local onde se alojam, piquetes de parição, ambiente dos animais em lactação e sala de ordenha. 

Principais diferenças entre mastite ambiental e mastite contagiosa 

Antes de destrincharmos a mastite ambiental, é importante diferenciarmos inicialmente quais são as principais diferenças entre ela e a mastite contagiosa. A ambiental provoca maior incidência de casos clínicos, normalmente é de curta duração e a contaminação, como já pontuado anteriormente, é pelo ambiente, com grande incidência após o parto das vacas. Já na contagiosa, há maior incidência de casos subclínicos, apresenta longa duração e até casos crônicos. O principal reservatório dos patógenos contagiosos é o úbere de um animal infectado e as infecções são disseminadas entre as vacas ou entre os quartos mamários durante a ordenha por meio de equipamentos contaminados, mãos dos ordenhadores ou panos/toalhas usados em mais de uma vaca.

Detalhando a mastite ambiental 

Os agentes causadores do problema são encontrados principalmente onde há acúmulo de camas orgânicas, barro, urina e esterco. A cama onde as vacas repousam se tornam fontes importantes uma vez que os tetos estão em contato frequente e prolongado com ela. Considerando que os principais microrganismos ambientais são os coliformes e Streptococcus ambientais, é importante destacar que eles sobrevivem e se desenvolvem em camas de material orgânico, as quais são normalmente usadas em sistemas de estabulação. 

No pastejo, onde geralmente se pressupõe a menor prevalência de mastite ambiental, locais em que se verificam piquetes superlotados ou a permanência excessiva dos animais – principalmente nas estações mais chuvosas do ano – podem expor os tetos ao risco de contaminação com agentes ambientais com igual ou maior intensidade da que ocorre em sistemas de confinamento. 

Mastites ambientais também podem ser causadas pela inoculação da bactéria por meio de seringas, cânulas e sondas contaminadas. Sendo assim, as técnicas inadequadas de aplicação de bisnagas intramamárias, associadas à limpeza e desinfecção deficientes do orifício do teto no momento da aplicação dos produtos também podem introduzir o patógeno ambiental na glândula. Portanto, não “baixar a guarda” nesses manejos rotineiros do dia a dia é fundamental.  

E como prevenir a mastite ambiental? 

Expostos os conhecimentos acima, a fazenda se mantém mais protegida quando se debruça majoritariamente em mais cuidados com o manejo e a higiene (basicamente caprichando na manutenção de ambientes limpos e secos) e numa rotina de ordenha eficiente. Isso porque as bactérias necessitam de alimentos, umidade e temperatura apropriados para sobreviver e se multiplicar. 

a) Cultura na fazenda

O desafio é grande, mas, com a cultura na fazenda, identificamos com precisão os patógenos presentes na fazenda e de onde eles estão vindo, tratando apenas as vacas que realmente necessitam de tratamento. Mas por que? Porque os animais possuem grandes chances de eliminar algumas bactérias ambientais por meio do seu próprio sistema imune. Quanto melhor e mais preparado o sistema imune das vacas, melhor será a resposta frente ao agente, aumentando a chance do animal conseguir combater a mastite por si só e não ter um caso grave com maiores prejuízos. Uma das formas de aumentar a resistência da vaca e fortalecer o “exército de anticorpos” contra os patógenos ambientais é o fornecimento de uma dieta balanceada e a redução do estresse. No fim das contas, notamos um significativo impacto na economia, já que reduzimos os gastos com medicamentos.

b) Instalações

Instalações mal planejadas contribuem para a maior incidência da mastite ambiental, uma vez que não priorizam o conforto do plantel. As construções devem minimizar o estresse e as injúrias físicas sofridas pelos animais durante todas as estações do ano. Em sistemas de estabulação, por exemplo, a ventilação e o declive muitas vezes não são suficientes para manter seco o ambiente e diminuir o estresse do rebanho.

c) Condição de higiene do úbere e dos tetos

Focar no bom manejo da cama e do local onde os animais ficam alojados e costumam deitar reduz o grau de sujidade do úbere e facilita a rotina da pré-ordenha. É importante sempre deixar os tetos o mais limpos e secos possíveis, além de estimulados para a colocação das teteiras. Devemos evitar o uso de água (para que possíveis sujidades não entrem pelo canal do teto) e quando for necessário, podemos realizar a desinfecção dos tetos duas vezes com o pré-dipping a fim de uma limpeza mais eficaz. Ainda sobre o pré-dipping, com a desinfecção dos quartos mamários, boas condições de higiene, ausência de matéria orgânica na pele do teto e operado de maneira correta, conseguimos reduzir em até 50% um novo caso de mastite ambiental e em até cinco vezes a CBT (Contagem Bacteriana Total) do tanque. 

d) Descarte dos primeiros jatos de leite antes da colocação das teteiras 

Com essa simples técnica, além de avaliarmos se o animal possui mastite clínica por meio do teste da caneca, descartamos o leite que possui uma maior carga microbiana e incentivamos a descida do leite. 

e) Escore de sujidade

Essa é uma avaliação simples que pode nos dizer qual a condição do ambiente de  permanência das vacas. A pontuação vai de 1 a 4 e varia de ‘sem sujeiras’ a ‘muito sujas’ dependendo das condições das patas traseiras e do úbere. É uma ferramenta simples que utiliza apenas a  observação do animal e pode auxiliar muito na fazenda. Olho calibrado! 

f) Secagem dos tetos e colocação das teteiras

Tendo os tetos limpos, secos e bem estimulados, vamos garantir uma melhor eficiência da qualidade de ordenha. Também, é de extrema importância a análise das condições de vácuo do sistema de ordenha, possíveis entradas de ar e deslizamento das teteiras, pois esses acontecimentos podem aumentar o risco de novas infecções e possível aumento da CBT. 

g) Pós-ordenha

Utilizar produtos de pós-dipping com o intuito de oferecer efeito barreira pode ser importante para evitar novas infecções, tanto de patógenos ambientais como de contagiosos. Oferecer o trato e deixá-lo disponível após a ordenha contribui para o que os animais não se deitem imediatamente, propiciando um tempo extra para que o esfíncter feche (em torno de 30 minutos). 

Em suma, o controle da mastite ambiental deve se basear principalmente em métodos preventivos, especialmente em técnicas de melhoria da higiene, ambiência e conforto dos animais. Além disso, as medidas tradicionais de controle são relativamente efetivas, tais como correto manejo e higiene na ordenha (pré-dipping e ordenha de tetos limpos e secos). Nunca devemos nos esquecer de olhar sempre a fazenda e os manejos adotados como um todo, sempre! 

Sobre a OnFarm

A OnFarm traz uma solução simples, inovadora e única, que permite a identificação da causa da mastite em 24 horas, na própria fazenda, através da cultura microbiológica. Conhecer o agente de forma rápida é indispensável para o sucesso de qualquer programa de controle da mastite. A tecnologia acredita no empoderamento dos produtores, para que tomem decisões cada vez mais assertivas. O produtor em primeiro lugar, sempre. Para mais informações acesse: https://onfarm.com.br/ ou entre em contato no WhatsApp (19) 97144-1818 ou e-mail: contato@onfarm.com.br | Acompanhe nas redes sociais: Instagram | Facebook | LinkedIn | Youtube

Autoria do artigo:

Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista pela UNESP de Botucatu.

Ana Carolina Meireles, Médica Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG e Analista de Sucesso do Cliente na OnFarm.

Fontes consultadas:

FINCO, Ananda. Canal OnFarm. Como prevenir a mastite ambiental? Minuto com o Especialista #13. YouTube,  15/12/2020.  Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pdUBCq5i570>. Acesso em: 16/12/2021. 

 

SANTOS,M.V.; BOTARO.B. Mastite ambiental: conhecendo melhor essa doença. MilkPoint 2008. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/conhecendo-melhor-a-mastite-ambiental-parte-1-47844n.aspx> Acesso em: 16/12/2021. 

 

SANTOS,M.V.; FONSECA, L. F. L. Controle da mastite e qualidade do leite – Desafios e soluções.  Pirassununga: Edição dos autores, 2019.

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