O sistema de cultura na fazenda é uma ferramenta simples, prática e rápida que possibilita a identificação dos agentes causadores de mastite na própria fazenda em um período de 24 horas. Essa ferramenta tem grande potencial de redução no uso de antibióticos e economia aos produtores, pois a rapidez na identificação dos resultados da cultura microbiológica permite o tratamento seletivo dos casos de mastite clínica. Além disso, a ferramenta também pode ser utilizada para casos de mastite subclínica permitindo aos produtores traçar o perfil dos agentes causadores da patologia facilitando a tomada de decisões e a estruturação dos planos de ações.
Algumas dúvidas frequentes aos produtores que utilizam a ferramenta de cultura na fazenda, são:
Posso congelar amostras de leite de mastite clínica?
O ideal é realizar a cultura microbiológica dentro das primeiras 24 horas após a coleta das amostras. Como o sistema de cultura na fazenda não necessita do envio das amostras de leite a laboratórios especializados os resultados são obtidos rapidamente facilitando a seleção dos animais que realmente necessitam ser tratados com antibióticos.
É amplamente relatado na literatura que cerca de 25 a 50% das culturas dos casos de mastite clínica não apresentam crescimento microbiológico (resultados negativos) e não necessitam da administração de antimicrobianos. Conforme demonstrado por Fuenzalida e Ruegg (2019) que conduziram um ensaio clínico randomizado comparando o desfecho clínico dos casos de mastite clínica negativos na cultura da fazenda. Quartos do controle negativo (N = 59) não receberam nenhum tipo de tratamento e quartos do grupo tratado (N = 62) receberam dose diária de cloridrato de ceftiofur durante cinco dias.
Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos em todos os desfechos estudados, tais como risco de falha de tratamento, recidiva de mastite clínica, dias até a cura clínica, dias até o descarte, produção de leite e CCS. Esses resultados evidenciam os prejuízos econômicos e exposição desnecessária dos animais a antimicrobianos decorrentes do tratamento de casos de mastite clínica que não apresentam crescimento microbiológico.
Além disso, o congelamento das amostras de leite pode reduzir o número de bactérias presentes, pois alguns patógenos como a Escherichia coli e os Streptococcus podem ficar inviáveis para crescimento durante o tempo de congelamento e gerar resultados falsos-negativos.
Desta forma, para obtermos rapidez na tomada de decisão e confiabilidade nos resultados o ideal é realizar a cultura microbiológica dentro das primeiras 24 horas após a coleta das amostras.
Posso congelar amostras de leite de mastite subclínica?
Muitos produtores questionam se o congelamento das amostras de leite de mastite subclínica poderia aumentar a chance de isolamento de Staphylococcus aures. Essa hipótese está relacionada ao fato de alguns microrganismos, como o Staphylococcus aures, terem a capacidade de sobreviver dentro das células do sistema imunológico. O congelamento poderia provocar o rompimento dessas células, pela formação dos cristais de gelo, e a liberação dos microrganismos aumentando a chance de isolamento.
Porém, várias pesquisas foram realizadas para investigar essa hipótese e a grande maioria dos estudos demonstraram que não há benefícios significativos no isolamento de Staphylococcus aures com o congelamento prévio da amostra de leite.
Uma estratégia que poderia ser utilizada para aumentar as chances de identificação de vacas positivas para Staphylococcus aures é a coleta seriada de amostras de leite. A sensibilidade da cultura microbiológica para identificação de Staphylococcus aures, com apenas uma amostra de leite, é de aproximadamente 75%, mas aumenta para até 95%, com três coletas seriadas com intervalo de sete dias cada.
No geral, para as propriedades que possuem o sistema de cultura na fazenda o melhor procedimento é realizar a cultura microbiológica em até 24 horas após a coleta da amostra de leite visando a rapidez e a sensibilidade dos resultados.
Caso não seja possível realizar a cultura microbiológica em até 24 horas após a coleta das amostras de leite, o recomendado é o congelamento das amostras por um período máximo de 45 dias, sendo o ideal um período menor do que 30 dias até a análise microbiológica.
Referências:
FUENZALIDA, M. J.; RUEGG, P. L. Negatively controlled, randomized clinical trial to evaluate use of intramammary ceftiofur for treatment of nonsevere culture-negative clinical mastitis. Journal of dairy science, v. 102, n. 4, p. 3321-3338, 2019.
Bexiga, R., M. T. Koskinen, J. Holopainen, C. Carneiro, H. Pereira, K. A. Ellis, and C. L. Vilela. Diagnosis of intramammary infection in samples yielding negative results or minor pathogens in conventional bacterial culturing. Journal of dairy research. v.78, p. 49–55, 2011.
Artursson, K., Nilsson-Öst, M., & Waller, K. P. An improved method to culture Staphylococcus aureus from bovine milk. Journal of dairy science, v.93, n.4, p. 1534-1538, 2010.
Sobre a OnFarm:
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Giulia Soares Latosinski
Médica Veterinária, Mestre em Medicina Veterinária Preventiva com ênfase em qualidade do leite, diagnóstico e controle de mastite bovina pela FMVZ/UNESP Botucatu e Analista de Sucesso do Cliente na OnFarm.